quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dando continuidade ao papo do André.

Costumamos frisar que John Lennon É foda, e não era. Ele ainda vive em sua arte e em seus discos gravados. Costumamos conversar muito sobre esse personagem incrível - o John Lennon dos discos, das músicas fora do comum, das frases ácidas ditas do modo mais normal possível. Pessoas assim são sempre interpretadas com equívoco. Meu episódio favorito foi quando ele disse que eram "mais famosos que Jesus Cristo". Pô, vamos lá... E não eram? Naqueles tempos não existia ninguém com mais fama - no sentido podre da palavra - do que os fab. Quem assistiu o "Anthology", lá no momento em que o documentário discute esse episódio, dá pra ver na cara de John a naturalidade da situação no momento em que ele se "desculpa" ao repórter - com aspas porque quem se desculpou mesmo foi Brian Epstain, numa coletiva qualquer. John, no máximo, se explicou.

John Lennon sempre foi o cara que deixava o ser falar por ele. Dá pra ver isso muito bem no decorrer da carreira dele tanto em discos solos quanto nos Fab. Ao ler as inúmeras biografias referidas a eles, vê-se que John era o cara que menos tinha intimidade com estúdios. Ele era o cara que se impressionava com quase tudo, adorava instrumentos que não compreendia. Ouça os solos dele - exemplo "Hey Buldog" e "You Cant Do That" - e perceberá como ele era desprovido de técnicas e conhecimentos teóricos. O próprio Paul disse que quando viu os "Quariman" viu que John não sabia nada de nada de guitarra e nem da letra da canção, e mesmo assim era fabuloso.

Outro episódio que me marcou foi quando o Maharashi Gurú Louco chamou um deles pra dar uma volta num helicóptero e John fez de tudo pra ser ele o escolhido, dizendo , mais tarde, que queria tanto ir para fazer umas perguntas ao guru. Nas palavras de Paul: "Isso era bem John".

Indo se apresentar em Nova Odessa, no carro Bier sugeriu ouvir Mind Games, do John. Estávamos falando sobre tudo que se diz respeito à timbres e tudo mais, e chegamos no assunto Yoko Ono. Porque ele amava tanto essa mulher? André disse que achava que ela fazia o John ser mais ele. Eu disse que achava que o mundo inteiro tratava o cara como o fabuloso John Lennon, e a Yoko o tratava como um cara comum, o Winston, um homem inseguro (pasmem!) e cheio de medos. Ela tratava ele como um marido, como uma mulher deve tratar um homem. Ela tratava ele como um simples ser humano. Lembro que eu fiquei olhando para a paisagem da estrada viajando nessa...

A simplicidade deve vir de dentro - acho eu. Uma pessoa simples faz coisas simples, e essas coisas simples se tornam coisas gigantescas. John era um cara simples? Aparentemente sim. Mas, ao mesmo tempo, seu gênio devia ser algo extremamente complexo. Uma pessoa simples não faz uma "Summer 9".

Enfim. Uma conversa apenas, sem fundamento - numa vida que não tem o menor fundamento.

Tem gente que vem ao mundo para tirar um sarro da vida e da gente. John foi um deles.

Pompeo.

3 comentários:

  1. Belo post, cara. Resumiu muitas das minhas idéias sobre o John. Ele é um daqueles caras que levou a arte tão a sério que virou coisa simples: pois ele criou uma linguagem própria na música, tão cedo, que depois era só nadar nesse oceano.

    O John é ser humano que acho que irá me intrigar até o resto da minha vida, em sua complexidade, simplicidade, familiaridade e potência expressiva.

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  2. um post q faz pensar mesmo, pra quem gosta do assunto...

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  3. "Summer 9" não existe.. eu quis dizer "#9 Dream"... onde eu estava com a cabeça??

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